Rotina do Amor Paulistano
Ele saia do Conjunto Nacional e descia a Augusta todos os dias pontualmente as seis da tarde. Enquanto caminhava rua abaixo, olhava atentamente as vitrines. Tanta roupa bonita! Aquela calça...Nossa, que lindo aquele sapato! Ia vestindo e calçando sua amada até chegar no ponto de encontro de ambos. Entrava no prédio, chamava o elevador e se deixava transportar até o andar onde ela o esperava ansiosamente em meio aos seus afazeres.
Quando aparecia pela fresta da porta seus sorrisos se encontravam. Entre um atendimento e outro, falavam amenidades. Terminado o expediente dela desciam rumo aos momentos a dois. Porções e cerveja no calor, cafés com chantily e capuccinos nos dias de inverno, uma visita ao supermercado elegante de produtos importados. Compravam chocolates para a filha principalmente. De mãos dadas, às vezes abraçados, atravessavam a cidade, já àquela altura com menor trânsito e mais tranquila.
Sentados lado a lado no ônibus, faziam planos. Ao saltarem em frente à padaria para pegar outro coletivo, compravam pequenas delícias. Broa de fubá para ele, doce folhado para ela. Desciam a avenida no ônibus que os levavam ao lar. Lá, a filha os recebia de olhos brilhando e com cheirinho de anjo traquinas.
Banho, jantar, aconchego. Na cama de casal, repetiam carícias, se reconheciam em beijos e palavras de amor. Tornados um só, gozavam juntos os sentimentos que os uniam. Por fim adormeciam para acordar na doce rotina do trabalho, da espera um pelo outro, encontro e a volta para o mesmo lugar, inseparáveis como sempre tinham sonhado desde que haviam se conhecido em 78.


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